Firmitas, Utilitas, Venustas

quinta-feira, março 31, 2005

Peppermint Twist

Poderia-se chamar Spearmint Jazz, mas não, tal como diz o título o nome era mesmo Peppermint Twist. A esta altura já deve divagar a vossa mente por várias direcções, questionando de que falo eu então, algo tão simples como uma bebida bem agradável com sabor a chocolate, bailey's entre outras, a sua textura aveludada valia neste caso dois euros e meio, preço que serviu de bilhete para mais uma noite de Jazz ao vivo, tão delicioso quanto a bebida que descrevi.
Inicialmente a noite de música, começou calma com um dueto de baixo a preencher a minha alma só, acelerando pensamentos e um turbilhão de sentimentos, mas sempre com um semblante apaixonado como pano de fundo, para alem deste facto a companhia masculina ( separemos aqui as águas entre os dois assuntos retratados ) tardava em aparecer, e tal como D. Sebastião que nunca voltou para liderar estas milhas térreas e marítimas que compoem este pequeno país, esta nunca chegou a ser sentida, nem uma nesga de nevoeiro se via por aqui, nesse aspecto foi a noite algo parca, pois seria a sua chegada mais cinematográfica possível... passaram então minutos, ouviram-se notas, surveram-se bebidas, pessoas tentavam-se afirmar pelos seus trajes deveras coloridos e estranhos e pelas suas conversas eloquentemente nulas, nuvens de fumo de tantos canudos de pontas avermelhedas de tanta incandescência, mas nada.
Deixemo-nos de divagar, pois a animação, ainda que solitária tornava-se exponencial, pois novos musicantes tomaram o palco professando aquilo que levou horas a afinar. Nada mais havia a fazer que ouvir e absorver esta cultura que muitos pedem, muito lamuriosamente, queixando-se da hipertrofia do centro longínquo e perdido, que depois teimam em não aparecer, mas que raio de gente de curtos horizontes e de ideais adormecidos, será a rotina dos dias..?
Depois de tudo isto ditei um outro rumo ao meu corpo, passei de uma " vista " previlegiada para todo aquele som para que riscos brancos, desenhados até ao infinito e que passamos a voar fizessem parte da minha paisagem nocturna, pois estava agora a caminho de um espaço acolhedor, adjectivo conferido a este pela tralha memorial que preenche enfim, o meu quarto...
Nesta luta intrépida que travo com o sono e a petulância, finalizo este testemunho de uma noite estranhamente só, esperando que melhores dias se avizinhem, daqueles em que nada nem ninguém terá forças para lhe retirar o seu devido valor.

2 Comments:

  • E melhores dias virão!
    A virtude no meio das conversas habituais sem sentido, é mesmo o facto de termos a liberdade para poder variar...ter o prazer de utilizar o nosso corpo movel para modificar a rotina maquinizada dos dias presentes..
    Revi-me um pouco nesse texto, pois ontei fui a beber um café na av das forças armadas , um café bem á maneira que já não ia lá..desde os meus tempos lisboetas (ahah a memória..)mas no fundo senti tb a futilidade das pessoas na demonstração aberrante da posição social por elas(á força toda) imposta...seja aí em mangualde,viseu, porto, lisboa ou até tóquio...a "conversa" é sempre a mesma...Um abraço

    By Blogger Diogo Afonso, at 5:42 da tarde  

  • Hmmm, simplesmente deliciosa :p experimentei no "estado liquido" que agora tambem tem sessoes de jazz ;) muuuuito bom! =)*** beijos

    By Blogger Teresinha, at 8:26 da tarde  

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